Água vs Espólio do Museu da Escola Sá de Miranda
Joana Lopes*
Em anteriores números, da Revista Trajetórias, falamos, sobre o Museu da Escola Sá de Miranda. Voltaremos a viajar um pouco mais pela história do Espólio deste Museu. Desta vez, debruçar-nos-emos, em objetos relacionados com o tema da Revista deste ano: Água. Deixar-nos-emos levar pelos sentidos e, observaremos objetos de diferentes áreas de saber, épocas, culturas, materiais,… tendo todos eles apenas um elemento único em comum: a água.
No decorrer destes 184 anos, desde a instituição dos Liceus, a 17 de novembro de 1836, assistiu-se a permanentes alterações dos curricula, verificando-se contudo através do espólio existente no Museu, que ao tema “Água” sempre foi dado enlevo. Encontramos objetos das Ciências Naturais, Mapas Parietais, Atlas de Botânica e de Zoologia (devidamente arquivados na Biblioteca antiga do Liceu e, que compreendem espécies aquáticas), Mapas Geográficos e a existência de alguns instrumentos náuticos, que comprovam precisamente a importância dada ao tema Água, ao longo dos tempos.
Desde sempre, se teve noção que a água é um recurso natural, insubstituível, que envolve um ciclo contínuo de renovação, fundamental para a permanência de vida na Terra. Sem a sua presença e abundância, no estado líquido, a vida cessaria, no nosso planeta.
A hidrosfera é constituída pelos diferentes reservatórios de água, existentes na Terra, nomeadamente, oceanos, rios, lagos, calotes de gelo e águas subterrâneas. Cerca de 98% da água que constitui a hidrosfera é salgada, estando circunscrita aos oceanos. Nestes, a água demora a renovar-se, em média, aproximadamente, 3100 anos. Até 2030 há 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), sendo um deles, conservar e usar de modo sustentável os oceanos, mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. Pretende-se, p.ex.: minimizar a acidificação dos oceanos; prevenir e reduzir a poluição marinha, incluindo a poluição por detritos marinhos e a por nutrientes; regular, efetivamente, a extração de recursos, acabando com a sobrepesca, a pesca ilegal, assim como, as práticas de pesca destrutivas; implementar planos de gestão com base científica, de modo a restaurar as populações de peixes no menor período de tempo possível; promover o conhecimento científico, desenvolvendo capacidades de investigação e de tecnologia marinha.
Já os reservatórios de água doce, que são os mais importantes, para a maioria dos seres vivos, representam apenas cerca de 2% de água da hidrosfera. Do total dos reservatórios de água doce existentes, a maioria, encontra-se no estado sólido, nas grandes calotes glaciares (74%), sendo que o tempo de renovação desta água é da ordem dos 16000 anos, pelo que esta enorme quantidade de água doce não se encontra, imediatamente, disponível, para os seres vivos. Por sua vez, a água doce das águas subterrâneas renova-se após cerca de 300 anos, enquanto a dos lagos, demora, em média, cerca de 100 anos a renovar-se. Ao nível dos rios a renovação ocorre, em média, entre 12 a 20 dias, no entanto, o fator poluição, pode não permitir que se obtenha, água potável, sendo esta a grande problemática atual.
Entre todos estes reservatórios de água, verifica-se que a água se movimenta, sucessivamente, de um reservatório para o outro, através de dois grandes motores: energia solar e força gravítica. A este movimento cíclico designou-se ciclo hidrológico.
Relativamente, ao ciclo hidrológico, foi catalogado, este ano, o objeto n.º ME/402849/468 (Fig.1a e 1b), que corresponde ao painel temático n.º 75, da coleção de Opticart, utilizado para estudo de um aquífero nas aulas de Ciências Naturais. Qualquer rocha que seja simultaneamente porosa e permeável contém água subterrânea que é denominada por aquífero.
As águas subterrâneas são importantes agentes modeladores da crosta terrestre, atuando quer mecanicamente quer quimicamente sobre as formações que atravessam. Constituem importante recurso para garantia de uma das necessidades mais vitais do Homem atual. Estas águas quando são de boa qualidade podem ser aproveitadas através da construção de poços ou de furos de captação. O painel demonstra como as águas subterrâneas podem ser aproveitadas para o consumo humano. Um aquífero é uma formação geológica subterrânea que armazena água e permite a sua circulação para que a água possa ser extraída pelo Homem em condições economicamente rentáveis e sem impactos ambientais negativos. Muitos dos melhores aquíferos são arenitos ou rochas sedimentares clásticas. Contudo, qualquer rocha o pode ser, desde que seja suficientemente porosa e permeável - como, por exemplo, um calcário poroso, um basalto fraturado ou um granito com diáclases e erodido.
O comportamento da água subterrânea é condicionado, conjuntamente, pela geologia e geometria do aquífero onde se encontra. Os aquíferos podem ser, de acordo com o armazenamento da água, de dois tipos - aquíferos livres ou aquíferos cativos ou confinados - servindo ambos para a extração de água.
O aquífero livre é uma formação geológica permeável e parcialmente saturada de água. Apresenta uma camada impermeável (ex: camada de argila) que retém a água, impedindo que continue a infiltrar-se. A água encontra-se à pressão atmosférica. A este local dá-se o nome de superfície piezométrica ou nível freático. A água dos aquíferos livres atravessa várias camadas:
- Zona de aeração, localizada entre o nível freático e a superfície, onde ocorrem a infiltração da água, que circula na vertical, e fenómenos de capilaridade. O movimento da água é intenso e possui espaços preenchidos por ar;
- Zona de saturação, localizada a maior profundidade, com uma camada impermeável na base, onde o movimento da água, mais ou menos lento, é influenciado pela pressão hidrostática. Os poros das rochas deste local estão saturados de água.
- Franja capilar, localizada acima da zona de saturação, com uma espessura que varia de poucos milímetros, em terrenos arenosos grosseiros, a alguns metros, em terrenos argilosos. A água circula por capilaridade a partir da zona de saturação.
O aquífero cativo é uma formação geológica permeável onde há acumulação e circulação de água, limitada superior e inferiormente por formações geológicas impermeáveis. A recarga ocorre através de uma zona limitada que contacta com a superfície, mas colocada lateralmente. A água encontra-se a uma pressão superior à pressão atmosférica; portanto, quando se efetua um furo para a extração, a água sobe até à superfície piezométrica, dando origem a um furo artesiano. Quando, ao criar o furo, a água consegue atingir a superfície sob a forma de repuxo, o furo artesiano designa-se furo repuxante (Fig.1a e 1b).
A capacidade de um aquífero armazenar água está relacionada com a sua porosidade e a sua permeabilidade. Uma formação rochosa diz-se porosa quando é constituída por um agregado de grãos, entre os quais existem poros, ocupados por ar ou por água, que podem estar ligados ou semifechados, condicionando a passagem de água. A porosidade de uma formação rochosa é definida pela razão entre o volume dos espaços vazios e o volume total da amostra. A água também pode ficar retida em estruturas diferentes dos poros, as fraturas e diáclases das rochas, mas estas não estão relacionadas com a porosidade. A permeabilidade é a capacidade que algumas rochas possuem de se deixarem atravessar com maior ou menor facilidade pela água. Em terrenos muito porosos em que os espaços são grandes e bem interconectados, como, por exemplo, em areias limpas, a permeabilidade é elevada. Se os poros, apesar de numerosos, se encontrarem semifechados e não permitirem a circulação da água, a permeabilidade é muito reduzida e a formação rochosa é quase impermeável.
Este painel temático consta da "Relação de Material comprado pela Comissão de Reapetrechamento em Material das Escolas Superiores e Secundárias” (1960 a 1972), conforme a requisição n.º 2156 do livro n.º 461 do Arquivo da Secretaria-geral do Ministério da Educação e Ciência, datado de 29 de junho de 1971. Foi adquirido à firma FOC.
Para além deste objeto que acabamos de analisar podemos encontrar no Museu, muitos outros, representativos dos diferentes ecossistemas aquáticos existentes na Terra. Assim, temos desde seres vivos de água salgada, a outros de água doce, assim como, de água salobra. Há ainda aqueles que não sendo o seu ecossistema, permanentemente, aquático em algum período da sua vida estão dependentes desse meio ou para a sua sobrevivência ou para a sua reprodução. Existem ainda outros, que sendo o seu ecossistema terrestre, estão muito dependentes da existência de uma elevada concentração de humidade do meio, para sobreviverem, demonstrando-se assim, a relevância da água para estes seres vivos.
No Museu da Escola é possível observar-se alguns objetos relativos a seres vivos, de água salgada, mais simples. Um desses exemplos, é o objeto ME/402849/256 (Fig. 2), correspondente a um modelo anatómico, em gesso, de um Tunicado de Ascídia, pertencente ao Género: Molgula. São seres filtradores de suspensão, na medida em que, filtram as partículas alimentares em suspensão na água.
Este objeto está exposto, permanentemente, numa das paredes, do Museu, onde sob um fundo preto, retangular, são apresentados dois cortes longitudinais, altamente ampliados que estão fixados ao quadro de madeira. No modelo da esquerda pode observar-se que foi retirada a parede corporal de modo a possibilitar a observação da anatomia da faringe, com as suas inúmeras fendas branquiais e do coração ventral. O modelo da direita representa um corte longitudinal no corpo do animal, depois de lhe terem sido retirados os principais órgãos internos, de modo a tornar possível a observação da localização de alguns vasos sanguíneas e de algumas células nervosas. Na zona inferior possui uma legenda explicativa, em francês, devidamente numerada. (Tradução para Português da Legenda: ""Anatomia de Ascídia (Tunicado)" A. Corte lateral do tegumento do animal, com remoção dos órgãos genitais e dos rins. B. Corte de frente do tegumento e de grande parte das brânquias do animal, depois de removidas as vísceras do animal. 1- Túnica; 2- Manto; 3- Dobras de revestimento primário que envolvem as vísceras; 4- Sifão branquial; 5- Sifão cloacal; 6- Mancha pigmentar (músculos longitudinais); 7- Anel tentacular; 8- Tentáculos; 9- Faringe transformada em brânquia; 10- Esófago; 11- Estômago; 12- Intestino; 13- Ânus; 14- Fole; 15- Rim; 16- Ovário; 17- Ovidutos; 18- Testículos; 19- Canais deferentes; 20- Cavidade branquial; 21- Coração; 22- Artérias genitais; 23- Artérias intestinais; 24- Artérias branquiais; 25- Artéria da túnica; 26- Veia branquial; 27- Veia paliobrânquia; 28- Veias intestinais; 29- Veia da túnica; 30- Corte dos vasos do manto; 31- Coroa sanguínea formada pelas artérias e a veia branquial; 32- Endóstilo; 33- Corte de endóstilo; 34- Sulco pericoronário; 35- Glândula; 36- Corpo vibrátil; 37- Abertura das brânquias, pelas quais a água penetra pelo sifão branquial, atravessa a cavidade peri-branquial até ao exterior do sifão cloacal; 38- Gânglio nervoso. As contrações do coração ocorrem, por vezes, num sentido como no outro, fazendo com que os vasos alternem o seu papel de veia ou de artéria. Nestes modelos assumiu-se o sangue circulante na direção indicada na figura pelas setas. Chamamos artérias, aos vasos contendo sangue que é oxigenado, na passagem pelas brânquias e, que está representado a vermelho. Chamamos veias, aos vasos representados a azul, que contém sangue impróprio para o ser vivo.") A Classificação científica do ser vivo representado: Reino: Animalia; Filo: Chordata; Subfilo: Tunicata ou Urochordata; Classe: Ascidiacea; Ordem: Pleurogona; Família: Molgulidae; Género: Molgula. Este exemplar já fazia parte do espólio do Colégio do Espírito Santo, que encerrou em outubro de 1910.
De ambiente também marinho está exposto, permanentemente, numa das paredes, do Museu, um modelo anatómico, de coral vermelho, em gesso, catalogado com o n.º ME/402849/255 (Fig. 3).
Este exemplar é apresentado em um corte longitudinal de uma haste de Coral (Corallium rubrum) com dois pólipos. Este modelo, altamente ampliado está fixadonum quadro de madeira e legendado em francês. (Tradução para Português da Legenda (do que foi possível): "1- Pólipo; 2- Corte longitudinal de Pólipo; 3- Pólipo retraído coberto pelo cálice; 4- Tentáculos; 5- Abertura bucal; 6- Cavidade Gastral; 7- Diafragma; 8- Filamentos mesentéricos; 9- Gónadas; 10- Hidrantes; 11- Sarcosome (não traduzido); 12- (não traduzido); 13- Vasos irregulares; 14- Orifícios dos vasos irregulares das cavidades dos pólipos; 15- Vasos longitudinais; 16- Pólipos."). A Classificação científica do ser vivo representado: Reino: Animalia; Filo: Cnidaria; Classe: Anthozoa; Ordem: Alcyonacea; Família: Coralliidae; Género: Corallium; Espécie: Corallium rubrum. Este exemplar já fazia parte do espólio do Colégio do Espírito Santo, que encerrou em outubro de 1910.
Num dos armários é possível observar-se uma amostra de um Coral-verdadeiro ou Coral-anis - ME/402849/313 (Fig. 4), característico também de um ecossistema marinho, de águas límpidas.
Caracteriza-se por ser um coral em que a estrutura é de cor amarela-alaranjada, enquanto, os pólipos são de cor branca (estes últimos, não preservados) o que lhe confere um aspeto verdadeiramente impressionante. As suas ramificações crescem em todas as direções conferindo às colónias mais antigas o aspeto de candelabros. As colónias de grandes dimensões são cada vez mais raras, devido à sua recolha para fins de colecionismo, à utilização de redes de pesca cada vez maiores que quebram a estrutura do coral e à poluição. Esta espécie, anteriormente, era designada por Madrepora ramea. Este espécime faz parte do espólio da escola, pelo menos desde 1901, uma vez que figura do inventário publicado nesse ano no Lyceu Central de Braga, sobre a forma de Catálogo e, que se encontra arquivado na nossa Biblioteca (n.º 115, da secção Coelenterados desse inventário). A Classificação científica do ser vivo representado: Reino: Animalia; Filo: Cnidaria; Classe: Anthozoa; Subclasse: Hexacorallia; Ordem: Scleractinia; Família: Dendrophyliidae; Género: Dendrophyllia; Espécie: Dendrophyllia ramea.
Outra espécie marítima que se encontra conservada em esqueleto, no nosso Museu, é o de uma esponja calcária – ME/402849/314 (Fig. 5) - animal, pertencente ao filo Porifera.
É uma esponja calcária em que a estrutura se caracteriza pela ausência de cor. É tubular, irregular e cheia de poros. As esponjas calcárias habitam lugares escuros, fixadas às rochas. Possuem imensos poros, que são atravessados por água com nutrientes, que utilizam para se alimentar. A escolha do lugar para viver e a ausência de coloração explica a desvantagem que sofrem as esponjas calcárias quando no fundo do mar, elas precisam “lutar” pelo seu espaço. As outras esponjas conseguem, por exemplo, produzir substâncias químicas especiais que garantem a possibilidade de habitarem em mais do que um local. As substâncias produzidas por essas outras esponjas são que fazem com que elas possuam as mais diversas cores. Para além de as tornarem mais bonitas, a coloração ajuda-as a interagir com o meio, afastando-as dos predadores. Por sua vez as esponjas calcárias não têm esta capacidade, no entanto, as espículas de bicarbonato de cálcio desempenham uma importante função ecológica: no momento, em que as esponjas se alimentam, filtram a água do mar, purificando-a. São designadas, por isso mesmo, de bioindicadores, na medida em que, em águas muito poluídas, não sobrevivem. São fonte de alimentação para moluscos e para peixes e, servem de refúgio para uma grande parte da fauna marinha, para se protegerem dos seus predadores. As esponjas calcárias entram na lista de animais em extinção, devido ao aquecimento global levar a um aumento da concentração de dióxido de carbono e isso gerar uma acidificação da água marinha. O ácido provoca distúrbios na estrutura de bicarbonato de cálcio das esponjas calcárias, que tendem a ficar fragilizadas e, com isso, a esponja calcária acaba por ser afetada. Reproduzem-se assexuadamente por gemulação e, também sexuadamente. A Classificação científica do ser vivo representado: Reino: Animalia; Filo: Porifera; Classe: Calcarea; Subclasse: Calcaronea; Ordem: Leucosolenida; Família: Leucosoleniidae; Género: Leucosolenia; Espécie: Leucosolenia variabilis.
A peça seguinte tem uma particularidade, quando viva, tem cerca de 95% de água na sua constituição, sendo também de água salgada – ME/402849/239 – Medusa (Fig. 6).
Esta medusa encontra-se presa numa estrutura em metal. Tem quatro braços orais, de cerca de 30 cm de tamanho, com as extremidades pregueadas e um risco vermelho marrom central. Apresenta uma umbrela - parte superior do corpo em forma de campânula - de 29 cm de diâmetro, de tom amarelo e riscas vermelho marrom. A umbrela termina em pregas. Os 24 tentáculos, característicos desta espécie, estão munidos de cápsulas urticantes - os nematocistos - que injetam uma toxina que pode causar dores muito fortes, mas que não estão conservados neste exemplar. São no entanto visíveis as 24 estruturas em Y marcadas a vermelho marrom na umbrela, que partem de um círculo central também vermelho marrom e, que permite identificar o número de tentáculos. São estas características que permitem fazer a sua Classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Cnidaria; Classe: Scyphozoa; Ordem: Semaestomeae; Família: Pelagiidae; Género: Chrysaora; Espécie: Chrysaora hysoscella.
Já no modelo anatómico seguinte, em gesso, temos uma outra espécie de medusa, a cinza-azulado. Na parte superior encontra-se representado um corte esquemático de cifomedusa, pelo que apenas se observam dois braços orais (lobos compridos e franzidos), dos quatro existentes nas cifomedusas, das costas europeias - ME/402849/315 (Fig. 7).
Em baixo, à esquerda (Fig. 7), vê-se um modelo de duas células urticantes, denominadas de nematocistos. Na zona inferior, deste quadro, existia um cartão com uma legenda explicativa, em francês, devidamente numerada e identificativa de cada uma das estruturas deste cifozoário, que não se encontra, no entanto, preservada, mas que consta do Catálogo dos materiais de "Les Fils D'Émile Deyrolle", de 1908, existente na nossa Biblioteca. Algumas dessas estruturas bem visíveis no modelo do corte esquemático da cifomedusa são: - abertura bucal, que tem a forma de uma cruz; - estômago central; - faringe; - gónadas; - cavidades subgenitais; - canais circulares; - ropálios; - canais radiais (estreitos e compridos); - endoderme; - ectoderme; - mesogeleia; - numerosos tentáculos. Esta peça fazia parte do espólio do Colégio Espírito Santo, que encerrou em outubro de 1910. A Classificação científica do ser vivo representado - Reino: Animalia; Filo: Cnidaria; Classe: Scyphozoa; Subclasse: Discomedusae; Ordem: Semaestomeae; Família: Ulmaridae; Género: Aurelia; Espécie: Aurelia aurita.
No Museu podemos também observar várias conchas de gastrópodes, como é o caso do objeto n.º ME/402849/311 (Fig. 8a e 8b), sob a forma de conservação total da concha. Este exemplar caracteriza-se por ser um molusco com falta de simetria, devido ao desenvolvimento em espiral do conjunto de órgãos internos e pela sua concha em espiral em uma só peça. Distingue-se bem o ápice da concha. A abertura da concha tem um brilho de porcelana róseo. Tem uma coloração branca de um lado e um castanho-dourado do outro. Tem um canal sifonal muito longo e uma rica ornamentação de espinhas e aguilhões. Uma vez que mede 9 cm de comprimento trata-se de um adulto, pois os adultos medem entre 6 a 9 cm de comprimento. Este gastrópode é característico de águas calmas, de zonas de rochas, das partes central e ocidental do Mar Mediterrâneo, de zonas de atóis de corais do Oceano Índico e do Mar do Sul da China. É conhecido desde a antiguidade como fonte de corante púrpura. Os indivíduos pertencentes a esta espécie são canibais. Antigamente, esta espécie, era designada por Murex brandaris, não sendo esta nomenclatura, atualmente, aceite. Este espécime faz parte do espólio da escola, pelo menos desde 1901, uma vez que figura do inventário publicado nesse ano no Lyceu Central de Braga, sobre a forma de Catálogo e, que se encontra arquivado na nossa Biblioteca (n.º 3, da secção Molluscos (Conchas) desse inventário). A sua classificação científica: Reino: Animalia; Filo: Mollusca; Classe: Gastropoda; Subclasse: Caenogastropoda; Ordem: Neogastropoda; Superfamília: Muricoidea; Família: Muricidae; Género: Bolinus; Espécie: Bolinus brandaris.
Outra espécie marinha que pode ser observada no Museu da Escola Sá de Miranda é um peixe, o rocaz ou cantarilho-legítimo – ME/402849/288 (Fig. 9).
Este peixe apresenta uma cabeça grande, barbatanas bastantes desenvolvidas, em particular as do par torácico e couraça com raios espinhosos muito robustos. A sua boca é grande. O rocaz distingue-se dos restantes peixes escorpiões (família a que pertence) por ser de maiores dimensões, entre 30 cm a 50 cm de comprimento (até 3kg), apresentar mais barbilhos no maxilar inferior, ser mais avermelhado-alaranjado e apresentar várias manchas negras pintalgadas por todo o seu corpo. Tem 12 espinhas dorsais, 9 raios dorsais moles, 3 espinhos anais, e 5 raios moles. Tem tentáculos supraorbitais longos. Os seus espinhos são venenosos, pelo que em contato com estes é necessário ir-se ao Hospital. O rocaz vive sobre fundos rochosos à volta das ilhas, preferencialmente, entre os 10 e os 100 m de profundidade. É uma espécie sedentária, solitária e não migratória. Alimenta-se de outros peixes, crustáceos e moluscos. Em Portugal existe nos Açores e é uma das espécies mais apreciadas em termos gastronómicos. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Superclasse: Peixes; Classe: Actinopterygii; Ordem: Scorpaniformes; Família: Scorpaenidae; Género: Scorpaena; Espécie: Scorpaena scrofa.
Outro exemplar marinho que podemos encontrar no Museu é, vulgarmente, designada por lagosta – ME/402849/289 (Fig. 10).
Este espécime encontra-se taxidermizado. Já constava do inventário de 1906 do Liceu, enviado à DGIP conforme consta no arquivo da Torre do Tombo, assim como, do Catálogo de 1901, arquivado na nossa Biblioteca e da relação de "Animais invertebrados, enviados pela Universidade de Coimbra", a 14 de novembro de 1898, ao Liceu de Braga, conforme consta no arquivo da Torre do Tombo. Este exemplar encontra-se colocado sobre uma base de madeira retangular, de 47cm x 40cm. Tem 4 pares de patas locomotoras; 1 par de antenas longas; 1 par de anténulas; 1 par de quelíceras, com pinças bem desenvolvidas; maxilípedes presentes; abdómen dividido em 6 segmentos; barbatana caudal dividida em 5 segmentos; olhos desenvolvidos. É de cor amarelada-alaranjada, com apontamentos acinzentados. Vive nas costas rochosas da linha de baixa-mar, é noturna e, alimenta-se de caranguejos e pequenos animais mortos. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Arthropoda; Subfilo: Crustacea; Classe: Malacostraca; Ordem: Decapoda; Infraordem: Palinura; Família: Palinuridae; Género: Palinurus; Espécie: Palinurus elephas [anteriormente, designado Palinurus vulgaris].
Do mar dos Açores, temos também uma vértebra inteira de cachalote, que pode ser observada, na exposição permanente do Museu – ME/402849/254 (Fig. 11). Esta vértebra é constituída por 3 apófises. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Mammalia; Ordem: Cetacea; Família: Physeteridae; Género: Physeter; Espécie: Physeter catodon.
Outra espécie marinha, bem antiga da escola, que podemos observar é uma raia-lenga, que se encontra taxidermizada. Já constava do inventário de 1906 do Liceu, enviado à DGIP conforme consta no arquivo da Torre do Tombo, assim como, do Catálogo de 1901, arquivado na nossa Biblioteca e da relação de "Animais vertebrados, enviados pela Universidade de Coimbra", a 4 de junho de 1898, ao Liceu de Braga, conforme consta no arquivo da Torre do Tombo – ME/402849/290 (Fig. 12).
Este exemplar encontra-se colocado sobre uma base de madeira retangular, de 20cm x 11,5cm, suspensa por duas hastes de metal. São peixes marinhos cartilagíneos (Chondrichthyes) classificados na Superordem Bathoidea que também agrupa os tubarões. As raias têm o corpo achatado dorsoventralmente e, por consequência, as fendas branquiais encontram-se por baixo da cabeça sendo que essa é a principal característica que distingue os peixes batoídeos dos tubarões. A Raia-lenga possui um corpo romboide e achatado, com um focinho curto e arredondado. A coloração, deste exemplar, é cinzento-acastanhado. A face ventral é, ligeiramente, mais clara e as margens do "disco" cinzenta-avermelhada. A superfície dorsal do disco é espinhosa, mesmo em juvenis, como é o caso da nossa amostra. A cauda apresenta faixas transversais com espinhos/aguilhões. A região central das costas (parte dorsal) também apresenta muitos espinhos/aguilhões. Todo o corpo é coberto por espínulas, que dão uma sensação de aspereza. É uma espécie bentónica, vive semienterrada, em profundidades entre os 20 e os 400 metros. Tem a capacidade de detetar campos elétricos fracos que são emitidos por outros animais, o que a ajuda a evitar predadores e a capturar alimentos. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Superclasse: Peixes; Classe: Condrychites; Superodem: Bathoidea; Ordem: Rajiformes; Família: Rajidae; Género: Raia; Espécie: Raia clavata.
À beira-mar também é comum encontrarmos aves marinhas. São o caso de algumas que já se encontram catalogadas e que podem ser observadas no Museu do nosso Liceu.
Temos um magnífico corvo-marinho-de-faces-brancas, catalogado com o n.º ME/402849/240 (Fig.13), assim como, um ganso-patolas-de-pés-azuis, catalogado com o n.º ME/402849/241 (Fig.14) e uma andorinha-do-mar-comum, catalogada com o n.º ME/402849/260 (Fig.15).
O corvo-marinho-de-faces-brancas tem os olhos de tom esverdeado. Pertence à ordem pelicaniformes, por apresentar uma membrana interdigital que reúne os quatro dedos, ao invés dos outros palmípedes, em que se verifica que o dedo posterior fica sempre livre. Para além disso o bico não está revestido de pele, o que também é uma forma de distinguir os pelicaniformes dos anseriformes. É um corvo-marinho grande/corvo-marinho-de-faces-brancas por ser muito parecido com os pelicanos, mas diferir destes por não apresentar bolsa debaixo do bico e também porque o mais extenso dos dedos é mais longo que o do meio, parecendo quando estão parados, terem os pés torcidos para dentro. O corvo-marinho grande é negro, com as faces brancas, com as patas curtas, relativamente à dos pelicanos, o pescoço bastante comprido, a cabeça prolongada e terminada num bico adunco e também comprido. O bico é amarelo. Tem cauda comprida. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Aves; Ordem: Pelicaniformes; Família: Phalacrocoracidae; Género: Phalacrocorax; Espécie: Phalacrocorax carbo.
O ganso-patolas-de-pés-azuis pertence à ordem pelicaniformes, por apresentar uma membrana interdigital que reúne os quatro dedos, ao invés dos outros palmípedes, em que se verifica que o dedo posterior fica sempre livre. Para além disso o bico não está revestido de pele, o que também é uma forma de distinguir os pelicaniformes dos anseriformes. É um alcatraz por ser muito parecido com os pelicanos, mas diferir destes por não apresentar bolsa debaixo do bico, este ser grande e robusto, quase cónico, com bordos muito finamente dentados, a ponta da mandíbula superior um pouco encurvada e as narinas tapadas. Para além disso os pés têm o dedo mais externo do mesmo tamanho ou quase do mesmo tamanho do dedo central e a unha deste último apresenta o bordo interior serrilhado. É um alcatraz camanay/ganso-patola-de-pés-azuis, pois tem as patas curtas, relativamente à dos pelicanos, o pescoço bastante comprido, a cabeça prolongada e esta termina num bico também comprido. O bico é azul, característico desta espécie. Tem cauda média. A sua plumagem é de um tom mesclado branco-bege-castanho. As suas patas no estado vivo são azuladas no macho. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Aves; Ordem: Pelicaniformes; Família: Sulidae; Género: Sula; Espécie: Sula nebouxii.
A andorinha-do-mar-comum apresenta um característico barrete negro, que se estende desde a testa até à nuca. O bico pontiagudo é vermelho e com a ponta preta. As patas são curtas e vermelhas, com três dos dedos associados numa membrana interdigital. A parte superior do corpo e as asas são de um cinzento muito pálido, assim como, a cauda. Esta última é bifurcada. Gosta de se empoleirar nos rochedos à beira-mar, em zona, onde o mar chega. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Aves; Ordem: Charadriiformes; Família: Laridae; Género: Sterna; Espécie: Sterna hirundo.
Outras duas aves marinhas, de águas pouco profundas, da zona da plataforma continental, que já se encontram catalogadas são uma torda-mergulheira ou torda-comum – ME/402849/390 (Fig. 16) – e, um moleiro-pequeno – ME/402849/391 (Fig. 17).
A ave marinha, da fig. 16 é um animal adulto, havendo, também, no Museu, um exemplar jovem. A plumagem é predominantemente, branca, na parte inferior e na parte superior negra-pardacenta. O bico é bastante grosso, largo, robusto, curto e preto. As patas têm três dedos compridos ligados por membrana interdigital. Apresenta-se de frente, com o bico, fechado. A torda-mergulheira é uma ave migratória e invernante, que se alimenta por uma grande variedade de espécies, dependendo da disponibilidade e localização. Frequenta sobretudo águas pouco profundas, encontrando-se confinada à plataforma continental tanto de verão como de inverno. Em Portugal, é frequente encontrar indivíduos isolados ou em pequenos grupos, refugiados em portos de pesca, marinas ou no interior de barras. É uma excelente mergulhadora, podendo atingir várias dezenas de metros de profundidade. Alimenta-se principalmente de pequenos peixes pelágicos, nomeadamente, de sardinhas. Reproduz-se, colonialmente, em falésias íngremes ou em ilhéus rochosos. Esta espécie é, facilmente, identificável pelo seu bico grosso traçado a branco, e pela combinação de preto nas partes superiores e, de branco desde o pescoço até à cauda. No entanto, o característico bico só é visível a curta distância, pois esta é uma ave marinha de pequena-média dimensão, e que, quando em voo e a grandes distâncias, é confundível com o airo. No entanto, apenas os espécimes adultos apresentam o traçado branco no bico e na zona dos olhos. Este espécime tem o traçado branco pelo que se trata de um adulto. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Aves; Ordem: Charadriiformes; Família: Alcidae; Género: Alca; Espécie: Alca torda.
Quanto ao moleiro-pequeno, da fig.17, apresenta a plumagem, predominantemente, branca, na parte inferior e, na parte superior negra-pardacenta. O bico é bastante parecido com o das gaivotas, com a ponta adunca e a base coberta por uma espécie de cera. As patas têm três dedos bem compridos ligados por membrana interdigital. As unhas são fortes e aceradas. Alimenta-se, em grande parte, de peixes. Não os tendo, ingere também, pequenas aves marinhas, os seus ovos, carne de baleia e carnes mortas. Nunca se afasta muito do mar. Este exemplar trata-se de um adulto porque o barrete é negro e o pescoço branco. A sua Classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Aves; Ordem: Charadriiformes; Família: Stercorariidae; Género: Stercorarius; Espécie: Stercorarius parasiticus.
No que diz respeito a objetos de seres vivos em que o seu habitat é de água doce e/ou de água salobra encontramos uma grande variedade de espécimes.
De zona de estuário deparámo-nos, por exemplo, com um espécime de Colhereiro-americano – ME/402849/379 (Fig.18) - e de um Maçarico-real – ME/402849/384 (Fig.19).
O colhereiro-americano ou colhereiro-rosado apresenta: bico grande achatado, em forma de "colher"; cabeça sem penas e cinzenta; plumagem com predominância rósea e pescoço branco; patas negras. Trata-se de um macho e na época de acasalamento, porque tem manchas rosa forte nas asas. Os colhereiros adquirem a sua tonalidade mais ou menos rósea devido à sua alimentação. Quanto mais camarão ingerem mais róseos são, devido aos carotenoides presentes nestes. Além de camarão, o colhereiro consome uma grande variedade de criaturas: pequenos anfíbios, pequenos peixes, moluscos, crustáceos, insetos e plantas. Peneira a água, sacudindo e mergulhando o bico à procura de alimento. Tem uma parada nupcial elaborada, que inclui batimentos de bico e ofertas mútuas de pequenos galhos. Nidifica em colónias e constrói o ninho com gravetos e talos secos de gramíneas em árvores. As colónias costumam ser mistas, englobando também outras espécies de aves, como por exemplo, íbis e garças. A fêmea, geralmente, realiza a postura de 2 a 3 ovos que são incubados por cerca de 22 dias. Após 6 semanas o juvenil começa a voar e aos 3 anos de idade atinge a maturidade sexual e apresenta a plumagem adulta. Chega a viver entre 10 e 15 anos. A presença de colhereiros-rosados num dado ambiente são bons indicadores de boa qualidade ambiental, pois estes são muito sensíveis à poluição, não resistindo quando esta está presente. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Aves; Ordem: Pelecaniformes; Família: ThresKiornithidae; Género: Platalea; Espécie: Platalea ajaja.
O maçarico-real tem bico encurvado enorme, de tom amarelado-castanho; corpo todo barrado e acastanhado; pouca diferenciação entre o padrão das asas e do abdómen (mais evidente no maçarico-galego); patas longas. Alimentam-se de pequenos invertebrados que habitam no lodo. A sua Classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Aves; Ordem: Charadriiformes; Família: Scolopacidae; Género: Numenius; Espécie: Numenius arquata.
Já o crocodilo-do-nilo é um réptil característico, quer de águas doces quer de águas salobras, habitando quer rios, lagos, pântanos quer zonas costeiras, sendo que o Museu da ESM tem catalogado um com o n.º ME/402849/307 (Fig.20).
O dorso tem uma coloração escuro-olivácea, a parte ventral do tronco, um tom amarelo-claro. A restante parte ventral é também escuro-olivácea. A cabeça é achatada, triangular, com o focinho muito comprido, o pescoço é curto, o tronco alongado e a cauda é muito mais comprida que o corpo, é robusta e comprimida, lateralmente. Apresenta dentição numerosa, robusta, com dentes cónicos e agudos, contidos em alvéolos. Este exemplar tem 35 dentes preservados no maxilar superior (1 dente, está dentro do alvéolo; falta 1 dente pois 1 alvéolo está por preencher) e 28 dentes no maxilar inferior (1 dente muito incompleto; faltam 2 dentes, pois 2 alvéolos estão por preencher). O 4.º dente do maxilar inferior é característico desta espécie sendo muito mais desenvolvido que os restantes. Nos membros anteriores apresenta cinco dedos (no membro esquerdo, preservadas duas das unhas), enquanto nos membros posteriores, apresenta apenas quatro dedos (em ambos, preservadas apenas 3 das unhas). Nos membros anteriores, os dedos são individualizados. Por sua vez, nos membros posteriores, os dedos estão total ou parcialmente unidos, por membranas interdigitais, para auxiliar no processo de natação. O corpo é revestido por uma pele espessa, de escamas córneas e placas ósseas dorsais, que convergem, na cauda, para formar uma crista dorsal, que auxilia na natação. Estes répteis apesar de serem considerados terrestres, não sobrevivem sem passarem grande parte do seu tempo dentro de água, quer para se alimentarem, quer para se protegerem de predadores. Os olhos, os orifícios nasais e os ouvidos estão situados na parte superior da cabeça o que lhes permite que o resto do corpo fique escondido debaixo de água, para que possam observar as suas presas e para que não sejam vistos pelos seus predadores. Pescoço com 4 placas occipitais. Logo em seguida, no início do tronco tem 6 características placas ósseas. São animais ectotérmicos pelo que apresentam comportamentos de adaptação às condições climáticas. O controlo da sua temperatura corporal faz-se através de trocas de energia com o meio ambiente. A sua atividade de termorregulação está, diretamente, relacionada com as atividades de reprodução, alimentação, digestão e crescimento. São animais ovíparos, que fazem a postura em ninhos, em tocas. O sexo das crias dependente da temperatura de incubação dos ovos, onde altas temperaturas de incubação dão origem a machos e baixas temperaturas geram fêmeas. Os crocodilos apresentam ossos fortes e porosos, com uma forte musculatura que movimenta a mandíbula disposta de maneira a permitir uma grande abertura e um cerrar rápido e eficaz. Os crocodilos jovens alimentam-se apenas de invertebrados, de anfíbios, de pequenos répteis, de peixes e de outros pequenos vertebrados. Os adultos são predadores de diversas aves, répteis e mamíferos. Alimentam-se de grandes aves, como avestruzes e de grandes cobras, tais como, as do género Python. Entre os mamíferos, a maior parte das presas são antílopes, gazelas, impalas, palancas negras, gnus, zebras, javalis e babuínos. Antigamente, esta espécie era designada por Crocodilus vulgaris. Atualmente, o Crocodilo-do-Nilo é o único considerado pertencente a esta antiga espécie. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Reptilia; Ordem: Crocodylia; Família: Crocodylidae; Género: Crocodilus; Espécie: Crocodilus niloticus.
O jacaré-americano é uma espécie de água doce. No espólio do Museu, encontramos catalogado com o n.º ME/402849/273 (Fig.21), um jovem de um jacaré-americano ou caimão-americano, atendendo à sua dimensão (quando adultos medem em média 3 metros). É um jacaré-americano, uma vez que, apresenta os dentes da mandíbula superior externamente aos da mandíbula inferior o que faz com que o quarto dente inferior, tipicamente maior, encaixe na mandíbula superior permitindo que este animal feche a boca, o que não se verifica nos crocodilos; tem focinho comprido, achatado e liso; cor dorsal verde-azeitona, com listas castanhas escuras. Apresenta os dedos ligados por membranas interdigitais que lhe facilitam a locomoção em meio aquático. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Reptilia; Ordem: Crocodylia; Família: Alligatoridae; Género: Alligator; Espécie: Alligator mississippiensis.
De água doce, de águas pouco profundas e com bastante movimento, temos uma Toupeira-de-água – ME/402849/302 (Fig.22).
Em Portugal, encontramos esta espécie nas Bacias Hidrográficas dos Rios Minho, Lima, Cávado, Âncora, Neiva, Ave, Leça, Douro, Vouga, Mondego e Tejo. Este espécime apresenta: corpo cilíndrico; cauda longa; peso varia entre as 50-70 g; pelagem castanho-escura, com reflexos brilhantes no dorso e de cor clara no ventre; olhos pequenos; sem pavilhão auricular; focinho em forma de tromba, na qual estão situados órgãos sensitivos (vibrissas sensoriais e órgãos de Eimer), terminando esta numa depressão onde se encontram duas grandes narinas. A cauda é longa e escamosa, funcionando como um leme, e apresenta uma extremidade achatada verticalmente, onde se pode observar uma fiada de pelos. As patas posteriores são distintamente maiores que as anteriores, e possuem uma fiada de pelos na região externa e uma membrana interdigital unindo 5 dedos com garras – adaptação aquática. Durante a imersão as narinas fecham-se e duas dobras de pele nua isolam os ouvidos que se encontram protegidos por pelos hidrófugos. A própria pelagem é bastante oleosa, em resultado da ação de glândulas sebáceas, criando uma proteção impermeável contra a água e o frio. É uma espécie muito sensível à poluição e à perturbação causada pelo Homem. Os ninhos são construídos nas margens, geralmente rochosas, mas com uma boa cobertura vegetal. Os leitos preferidos têm geralmente pedras emersas, profundidades de 50-100 cm, declives mais ou menos acentuados e larguras que podem variar entre os 2 e os 15 m. É o único insectívoro português incluído no Anexo II da Convenção de Berna. Está também inserido no Anexo II da Diretiva Habitats. É considerada uma espécie Vulnerável em Portugal. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Mammalia; Ordem: Soricomorpha; Família: Talpidae; Género: Galemys; Espécie: Galemys pyrenaicus.
No Museu, encontramos também, um modelo de Briozoário, de um género de água doce – ME/402849/316 – Modelo de Plumatella (Fig.23). Os Briozoários ou Ectoproctos são invertebrados coloniais, a maioria sésseis, que vivem, principalmente, em ambientes marinhos, ainda que possam ser encontrados em águas salobras e doces. A denominação de Bryozoa (animais-musgo) faz referência, ao aspeto que, apresentam grande parte das colónias. Os Briozoários carecem de um aparelho excretor, e os produtos de excreção são acumulados nas células da mesoderme e do trato digestivo. Os Briozoários marinhos estão presentes em todos os mares do mundo, desde as zonas intertidais até às profundidades abissais. Praticamente todas as espécies vivem fixas a um substrato, que pode ser de natureza muito variada, como, entre outros, algas, pedras, conchas de Moluscos, carapaças de Crustáceos, substratos artificiais de diferentes tipos, incluindo ainda algumas espécies que perfuram estruturas calcárias como as conchas dos Moluscos. O género em questão é de água doce.
Esta peça é um modelo anatómico de tom cinza-azulado, com tons de verde-claro e rosa-velho. Na parte superior, encontra-se representado, em gesso, um corte esquemático de anatomia de uma Plumatella (Briozoário). Na zona inferior, deste quadro, existe um cartão com uma legenda explicativa, em francês, devidamente numerada e identificativa de cada uma das estruturas deste briozoário, distribuído por "Les Fils D'Émile Deyrolle". (Tradução da Legenda: 1- Parede divisória; 2- Ectocisto; 3- Endocisto; 4- Parede fibrosa do endocisto; 5- Parede celular do endocisto; 6- Base dos tentáculos; 7- Lofóforo; 8- Tentáculos; 9- Epistoma; 10- Abertura bucal; 11- Boca; 12- Faringe; 13- Esófago; 14- Estômago; 15- Reto; 16- Ânus; 17- Grandes músculos retratores; 18- Músculos retratores da base dos tentáculos; 19- Parede Celular; 20- Gânglio nervoso; 21- Funículo; 22- Estatoblastos; 23- Ovos; 24. 25. 26- Botões em diferentes estádios de desenvolvimento; 27-Intestino.) Esta peça fazia parte do espólio do Colégio Espírito Santo, que encerrou em outubro de 1910. A Classificação científica do ser vivo representado - Reino: Animalia; Filo: Bryozoa; Classe: Phylactolaemata; Ordem: Plumatellida; Família: Plumatellidae; Género: Plumatella.
De cursos de águas rápidas e doce encontramos a cabeça de um peixe designado por Achigã – ME/402849/267 (Fig.24). Este peixe de água doce, suporta água salobra, tendo sido apenas introduzido em Portugal, em 1898, na Ilha de São Miguel, nos Açores, sendo oriundo do sul do Canadá e dos Estados Unidos da América. Nas bacias hidrográficas do Continente existe desde 1952. É um peixe de águas temperadas ou pouco frias, de pouca profundidade, que habita em locais com vegetação aquática.
A amostra que temos foi recolhida no Rio Cávado, pesava 3 kg e pertencia a Nuno Lopes. Tem a boca bem aberta, larga e com numerosos, mas minúsculos dentes, que ao tato parecem uma serra. O facto de ter esse conjunto de dentes dá-nos a indicação de ser um peixe predador. A maxila inferior é mais proeminente e mais saliente do que a superior, o que é característico desta espécie. A cabeça é de tom verde escuro-azeitona, com os flancos dourados. Durante o período de reprodução, de abril a junho, o macho tem um comportamento territorial, protegendo o ninho até os novos seres terem 3 a 4 semanas de idade. Após a desova a fêmea é expulsa do ninho e pode mesmo ser morta e servir de alimento ao próprio macho, caso ofereça algum tipo de resistência. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Superclasse: Peixes; Classe: Actinopterygii; Ordem: Perciformes; Família: Centrarchidae; Género: Micropterus; Espécie: Micropterus salmoides.
Dos cursos de água rápidos, como rios, temos também algumas espécies representadas, nomeadamente, aves que se alimentam, de seres vivos aquáticos. São o caso do Melro-d’água – ME/402849/443 (Fig.25) - e, do Guarda-Rios – ME/402849/282 (Fig.26).
O melro-d´água é uma ave pequena, mas muito rechonchuda, com cauda curta e, plumagem de tom castanha com uma enorme mancha branca no peito, característica da espécie. O bico é amarelado-castanho, comprido e forte. As patas são medianas, com dedos desenvolvidos, estando três dedos posicionados para a frente e um para trás, pelo que pertence à Ordem Passeriformes. Tem garras fortes. É uma ave de rio por excelência que sobrevoa rios e torrentes ou permanece em cima de uma rocha próxima da água, mergulhando até ao fundo do rio para procurar larvas e insetos aquáticos. Cria nas margens ou no interior das cascatas. É o único passeriforme que mergulha. O seu voo é rápido e direto como uma seta. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Aves; Ordem: Passeriformes; Família: Cinclidae; Género: Cinclus; Espécie: Cinclus cinclus.
O guarda-rios é uma ave de pequeno porte que apresenta plumagem colorida, pescoço curto, bico tão comprido quanto a cabeça. As asas são arredondadas e a cauda é curta. As patas são pequenas e sindáctilas, com os dedos frontais unidos. O bico é amarelado e achatado. O peito e o ventre são cor-de-laranja e o dorso e as asas são sarapintadas de azul sulfato. A garganta é branca. Alimenta-se de peixe, que obtém através de voos rápidos e picados, mergulhando nos rios. Já figurava no Catálogo de 1901, como pertencente ao espólio do Liceu, para o estudo de História Natural, arquivado na Biblioteca da Escola Sá de Miranda. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Aves; Ordem: Coraciiformes; Família: Alcedinidae; Género: Alcedo; Espécie: Alcedo atthis; Subspécie: Alcedo atthis ispida.
De águas doces, mas de águas lentas e calmas, nomeadamente, de lagos, lagoas e/ou albufeiras também podemos observar no nosso Museu algumas aves, de que são exemplo, o Mergulhão-de-crista – ME/402849/380 (Fig.27) - e o Zarro-comum (fêmea) – ME/402849/491 (Fig.28).
O mergulhão-de-crista ou mergulhão-de-poupa tem o hábito de mergulhar em busca de alimento. Alimenta-se de pequenos peixes, insetos aquáticos e moluscos. Tem um corpo hidrodinâmico e patas otimizadas para a locomoção aquática que impedem uma locomoção terrestre eficiente. É uma ave residente, que ocorre de norte a sul de Portugal, mas geralmente pouco abundante. Vive normalmente em lagos interiores. No inverno pode ser observado ao longo da costa e em albufeiras, em grandes bandos. A reprodução tem lugar no início do verão. Tem uma dança nupcial, que executa, na água, adotando as mais extravagantes atitudes e levantando, com os seus movimentos, verdadeiras nuvens de espuma. Os dois cônjuges entreajudam-se na construção do ninho e na incubação. Apresenta: bico grande achatado, de tom róseo-amarelado; pescoço longo e branco; crista acastanhada escura/negra no cimo da cabeça; corpo alongado; faixa castanho-avermelhada e preta no pescoço característica da época da reprodução; face ventral do corpo esbranquiçada com leves tons de bege; face dorsal, com tons castanho-escuro; cauda muito curta; tarsos muito compridos lateralmente, apresentando uma forte aresta anterior e outra posterior; dedos separados e cada um deles com uma expansão membranosa aos lados, parecendo como que dedos espalmados, cujas membranas se tivessem recortado de modo a que os dedos se separassem (esta adaptação permite-lhes nadar e mergulhar em águas doces). A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Aves; Ordem: Podicipediformes; Família: Podicipedidae; Género: Podiceps; Espécie: Podiceps cristatus.
O zarro-comum é um pato mergulhador, que mergulha completamente, para se alimentar, ao contrário dos patos mais comuns, que são patos de superfície, por apenas submergirem parte do corpo, em busca de alimento. O exemplar do nosso espólio trata-se de uma fêmea, pela sua cabeça e pescoço ser menos avermelhada do que a dos machos. O resto da plumagem é branca-acinzentada. O bico é acinzentado. Apresenta 4 dedos unidos, sendo que 3, por membrana interdigital, o que o torna um mergulhador nato. Atualmente é uma ave rara em Portugal. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Aves; Ordem: Anseriformes; Família: Anatidae; Género: Aythya; Espécie: Aythya ferina.
O ambiente aquático também é importante para alguns seres vivos para o seu desenvolvimento embrionário. No objeto n.º ME/402849/293 (Fig.29), pode observar-se o desenvolvimento embrionário de rã, conservado em formol. Este exemplar encontra-se em bom estado de conservação, apesar de já figurar no Catálogo de 1901, no espólio pertencente ao Liceu, para o estudo de História Natural, arquivado na Biblioteca da Escola Sá de Miranda, como tendo sido uma oferta de S.Motta. A sua origem é de Wilh. Schlüter (1828-1919), nascido na Alemanha, filho de entomólogo e malacologista, que fundou a sua empresa em 1853 (Naturwisschaftl. Institut.), em Halle an der Saale. De cima para baixo e legendado em alemão - Título: Rana esculenta, rã que vive em charco: Num pequeno tubo/frasco/contentor ovas de rã; em seguida, dois exemplares de girinos, ainda sem membros (patas); mais abaixo, outros dois exemplares, de girinos mas já com patas posteriores; num plano mais abaixo, dois girinos, com as 4 patas: 2 anteriores e 2 posteriores e uma cauda curta; no plano abaixo, uma rã jovem, sem cauda; por último, no plano mais abaixo, uma rã adulta sem cauda. A sua classificação científica: Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Amphibia; Ordem: Anura; Família: Ranidae; Género: Rana; Espécie: Rana esculenta.
Este mesmo desenvolvimento embrionário é observável também no objeto n.º ME/402849/471, correspondente ao painel temático de Opticart n.º 140, relativo à Metamorfose de rã (Fig.30). O esquema representa: 1 - Rã adulta; 2 - Ovas de rã; 3 -Girino, ainda sem membros (patas); 4 - Girino já com patas posteriores; 5 - Girino com as 4 patas: 2 anteriores e 2 posteriores e, uma cauda comprida; 6 - Girino com as 4 patas: 2 anteriores e 2 posteriores e, uma cauda curta. Este painel temático consta da "Relação de Material comprado pela Comissão de Reapetrechamento em Material das Escolas Superiores e Secundárias (1960 a 1972), conforme a requisição n.º 2156 do livro n.º 461 do Arquivo da Secretaria-geral do Ministério da Educação e Ciência, datado de 29 de junho de 1971. Foi adquirido à firma FOC.
Outra espécie que a sua reprodução depende do meio aquático é o tritão-marmoreado, ocorrendo entre os meses de janeiro e de maio, em locais de água estagnada, nomeadamente, charcos e poços. No Museu da ESM também pode ser observado um exemplar, catalogado com o n.º ME/402849/297 (Fig.31).
Fig. 31 – Objeto n.º ME/402849/297 – Desenvolvimento embrionário de Tritão-marmoreado, em formol
Este espécime encontra-se em bom estado de conservação, apesar de já figurar no Catálogo de 1901, no espólio pertencente ao Liceu, para o estudo de História Natural, arquivado na Biblioteca da Escola Sá de Miranda. De baixo para cima num frasco/contentor em vidro com formol temos 3 exemplares, que representam o desenvolvimento do tritão-marmoreado: no exemplar, mais abaixo, a larva ainda não apresenta membros e mede cerca de 5,5 cm de comprimento; o do meio é uma larva um pouco mais desenvolvida, apresentando já os 4 membros, medindo cerca de 6,5 cm de comprimento; o de cima é o tritão no estado adulto, pelo que todo o seu corpo é maior e a sua coloração também é mais escura, medindo cerca de 14,5 cm de comprimento. Possui 5 dedos nas patas posteriores e 4 dedos nas patas anteriores. O tritão adulto tem um corpo alongado, patas relativamente curtas e cauda longa. O tritão-marmoreado apresenta uma pele áspera, um pouco maior que os outros tritões e com coloração ventral mais ou menos escura com pintas brancas e, com coloração dorsal e lateral verde-escura. O espécime adulto conservado trata-se de uma fêmea, atendendo a que apresenta bem visível uma linha vermelha a atravessar todo o seu corpo, inexistente nos machos. A sua classificação científica é a seguinte - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Amphibia; Ordem: Caudata; Família: Salamandridae; Género: Triturus; Espécie: Triturus marmoratus.
Há ainda algumas espécies que não sendo aquáticas encontram-se muito bem adaptadas ao meio aquático, como é o caso, do Cão de Água Português – ME/402849/487 (Fig.32).
Fig. 32 – Objeto n.º ME/402849/487 – Cão de Água Português
Este exemplar encontra-se em posição de observação, tendo a boca semicerrada, sendo possível ver-se os dentes, com alguma atenção. O tipo de dentes que apresenta é típico da alimentação carnívora que possui. Tem pelagem em tons de castanho-chocolate, pelo encaracolado, denso e de dimensão médio. Não tem subpelo, que é uma característica desta raça, muito apreciada, pois não larga pelo, como os outros cães. A cauda é comprida, espessa, com aspeto tufado e direciona-se para o alto. A largura da cauda fornece uma grande ajuda ao nadar e mergulhar, deste cão. A cabeça é distintamente grande, larga e com focinho curto. Orelhas inseridas bem acima da linha dos olhos. Os olhos são grandes. Os pés são redondos e bastante planos, com dedos não dobrados, nem muito longos. As membranas entre os dedos são de pele macia, bem coberta de pelos e atingem as pontas dos dedos. A almofada central é muito grossa. É considerado um animal, excecionalmente, inteligente, com temperamento ativo, mas também obediente. Muito resistente à fadiga. É um exímio nadador, sendo capaz de mergulhar e nadar debaixo de água por bastante tempo. O Cão de Água Português costumava ser o melhor amigo do pescador, ajudando a conduzir peixes para as redes, recuperar objetos que caíam na água e nadar levando mensagens de um barco para outro. Até ao início da década de 30, do século XX, esta raça, esteve praticamente, extinta até que em 1934, na Exposição Internacional de Lisboa, dois animais desta raça foram expostos e passou a haver interesse por criadores de cães por estes. Reage mal à solidão. Consta um exemplar de cão no inventário de 1901, do Lyceu Central de Braga, sobre a forma de Catálogo e, que se encontra arquivado na nossa Biblioteca, com o n.º 2, com a descrição "Canis familiaris", que poderá ser este. Consta um cão no inventário de 1906 do Liceu de Braga, enviado à DGIP conforme arquivo da Torre do Tombo, podendo ser este ou não. Consta também um exemplar de cão, que poderá ser este, no inventário sem data, do Liceu Sá de Miranda, com o n.º 18, com a descrição: "Canis familiaris". Consta também um cão no inventário de 1920 do Liceu de Sá de Miranda, enviado como resposta, à Circular remetida pela Direção Geral do Ensino Secundário aos reitores de todos os Liceus, podendo ser este ou não. A classificação científica deste espécime - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Mammalia; Ordem: Carnivora; Família: Canidae; Género: Canis; Espécie: Canis lupus; Subespécie: Canis lupus familiaris.
Outro exemplo, é o hipopótamo-comum, que vive nas margens de rios, de lagos e de pântanos. No nosso Museu é possível observar-se um magnífico crânio de hipopótamo-comum – ME/402849/253 (Fig.33). O crânio desse exemplar encontra-se em bom estado de conservação, apresentando a maioria dos seus ossos. Para além disso, tem implantado parte dos seus dentes, quer no maxilar superior, quer inferior. A sua dentição é tipicamente herbívora, mas tem caninos grandes, usados para se defender. São extremamente territoriais, pelo que são animais agressivos que defendem o seu espaço de possíveis invasores, constituindo, por isso mesmo, a espécie de mamífero africana, que mata mais seres humanos anualmente. A sua classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Mammalia; Ordem: Artiodactyla; Família: Hippopotamidae; Género: Hippopotamus; Espécie: Hippopotamus amphibius.
Fig. 33 – Objeto n.º ME/402849/253 – Crânio inteiro de Hipopótamo-comum
Para além do espólio aqui analisado há muito mais a descobrir neste magnífico Museu. Logo que seja possível, venha conhecê-lo!
Referências Bibliográficas
Livros
Cherbonnier, G. (1967). Fauna e Flora do Litoral Europeu. Livraria Bertrand. Lisboa.
Farinha, J. C., Henriques, P. C. & Neves, R. (2000). Percursos – Paisagens & Habitats de Portugal. Assírio & Alvim. Lisboa.
Muñoz, P. (2000). Didacta – Enciclopédia Temática Ilustrada – Atlas de Biologia. F.G.P. Editores. Madrid.
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Orvalho, L. (Trad.) (1989). História Natural, Volume II. Edições Zairol. Barcelona.
Orvalho, L. (Trad.) (1989). História Natural, Volume III. Edições Zairol. Barcelona.
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Webgrafia
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https://www.ods.pt/objectivos/14-oceanos-mares-e-recursos-marinhos/;
https://www.parquebiologico.pt/rnled-animais-plantas/rnled-fauna-flora;
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